Tuesday, May 17, 2011

Voltei porque vale a pena partilhar esta luta!


Já lá vai um ano que fui de férias. E muitas são as coisas para contar.


Durante este ano vivi numa montanha russa de emoções. Não tive direito a meio termo, nem tão pouco a coisas normais.

Realizei sonhos, encontrei tesouros… mas também foi assombrada pelo pior de todos os pesadelos…

Sinto finalmente a capacidade para escrever sobre o assunto. Um assunto que me caiu nas mãos em Junho do ano passado.

Era segunda feira de sol e eu recebia o envelope mais assustador de toda a minha vida. Naquele momento teria feito mais sentido um envelope armadilhado, que explodisse mal fosse aberto. Eu estava mais preparada para rebentar junto com ele do que para ler o que lá estava escrito.

O resultado da biopsia, realizada na minha mãe, não era o esperado! Dois carcinomas (tumor maligno desenvolvido a partir de células epiteliais ou glandulares) na mama esquerda e um gânglio axilar.

Sim, a minha mãe estava com cancro e era eu que tinha o envelope na mão, era eu a portadora da terrível notícia. Caí no chão frio daquele consultório. Não conseguia controlar a respiração nem as lágrimas. Nenhum músculo do meu corpo me obedecia. Ali estava, prostrada no vazio sem vontade de me mover. Senti uma voz a aproximar-se. Pegou-me pelo braço e gentilmente fez-me sentar no sofá. Só agora via o rosto da voz, era a recepcionista do médico, a mesma pessoa que minutos antes me tinha dado o maldito envelope. Com delicadeza pediu-me para ter calma e sugeriu que não desse a noticia à minha mãe. Aconselhou-me que aguardasse pelo regresso do médico que estava ausente do país num congresso.

Ela só podia estar a gozar-me! Como podia eu aguentar aquela dor, sozinha, por uma semana!? Era um fardo grande demais! Mas naquele momento não vi nenhuma outra solução e segui o concelho.

Chorei tudo o que tinha de chorar… limpei os olhos, lavei a cara e saí.

Não fui capaz de guardar o segredo e tive de partilha-lo, na esperança de diminuir a dor. No ombro do homem que amo voltei a chorar e, no ombro do homem que me ama encontrei a força necessária para lutar!

Uma semana depois contei à minha mãe. Fui a missão mais difícil da minha vida. Nunca imaginei ver os olhos de uma pessoa perderem a vida, mas foi isso que aconteceu, a luz dos olhos da minha mãe morreram naquele momento e só ressuscitaram dois meses depois, quando iniciou os tratamentos de quimioterapia no IPO.

Unidos como nunca, assumimos que venceríamos esta luta.

Vivemos sete meses de quimioterapia, uma mastectomia radical, 6 semanas de radioterapia e vamos continuar durante um ano em tratamento de anticorpo (produto que é injectado como se fosse quimioterapia).

Acreditamos que o pior já passou mas sabemos que ainda temos muito para andar!

A vitória será nossa e não dele!


6 comments:

Daniela said...

Como sempre, uma lutadora... Lutadora que és, e que fazes com que os outros também sejam...

Unknown said...

Olá, que bom você esta de volta, senti muito tua falta.
Eu vivi algo parecido entre o dia 17,07,2010. a 21,09,2010.
Meu Pai resistiu, pois o caso se agravou após ser descoberto.
Lutamos juntos lado a lado ate o teu ultimo suspiro.
Bom ainda vejo tudo passar como um filme em meus pensamentos.
Bom é sempre bom ter você aqui Dyphia.
Estava com saldades.

dyphia said...

danielinha, obirgada! tu melhor do que ninguem sabes como este ano foi duro mas também foi um ano feliz...

ah1 descobri algo em comum entre nós que nos aconteceu este ano
adivinha o que é? ahahahahahah

dyphia said...

olá claudio!

Obrigada por tão calorosa recepção!
Lamento pelo seu pai! Esta doença é muito malvada, ataca quando menos se espera.

Obrigada por voltar a visitar-me aqui neste cantinho!

beijinhos

Lau* said...

Uma lutadora...não me surpreende.

Desejo-vos tudo de bom...e força...

Bjinh

Lau*

dyphia said...

Lau:

Muito obrigada, tanto pelas palavras de apoio como pela visita.

beijinhos

p.s. lembraste do dia em que me deu na cabeça criar esta coisa???