Thursday, December 01, 2011

calma!


Ontem foi um dia complicado.

Corri para pagar a conta da luz que já estava fora de prazo. E só me questionava a mim - como é possível eu me ter esquecido de pagar? – pergunta sem resposta.
Corri ao supermercado para comprar ingredientes para o bolo de aniversário da minha irmã. E sem qualquer explicação o meu corpo deixou de estar na vertical e passou a estar na horizontal. Sim, tive uma queda monumental no estacionamento e só vi a caixa dos ovos ganharem asas e a voarem para bem longe de mim. Felizmente, apenas um não sobreviveu.

Tenho audiência as 15horas e engano-me no tribunal. Chego com meia hora de atraso e, mais uma vez eu me questiono – mas o que se passa comigo hoje? Que raio de azar é este? – mais uma vez fiquei sem resposta.

E o meu corpo estava completamente entregue aos nervos. Só me sentia a tremer.

Começo a descer com o meu carro a Avenida dos Aliados, no final da tarde e, o trânsito está um caos. Pensei que era continuidade da minha maré de azar. Só me faltava estar ali presa no trânsito. E inexplicavelmente, eu que nem vinha a prestar atenção nenhuma à rádio começo a ouvir esta musica e com calma vou olhando para o espaço que me rodeava.

Vi a cor do céu. Um azul acinzentado, muito típico de inverno. E relembro o quanto eu adoro o Porto. Reparo em meia dúzia de estudantes, que trajados a rigor, atravessam a rua e bate-me a saudade.   E faz-se luz dentro de mim. Caramba! Faz anos hoje que terminei o curso. Os anos passam.

No meio destes meus pensamentos embalados pela música, até ao momento desconhecida para mim, reparo na tranquilidade de um jovem casal de namorados que delicadamente se acariciam e se olham com ternura. Para eles era mesmo um momento de calma. Passavam centenas de pessoas pela avenida, mas tenho quase a certeza que eles nem notavam tanto movimento.

É impressionante aquele contraste. Enquanto uns correm sem aproveitarem o final de tarde com sol de inverno, outros, dançam num compasso mágico de mimos e beijos.  

Naqueles minutos em que ali estive, senti-me fora do meu corpo, que até aquele momento do dia estava quase a explodir de tanto stress. Naqueles momentos eu estive em tranquilidade total.

Pensei em amor, em mim, nele e no “nós” que construímos juntos. Pensei em todas as coisas maravilhosas que o amor nos trás e voltei a olhar para o casal de apaixonados e revi-nos neles.   Só lamento que a vida nem sempre nos permita ficar assim, alienados de tudo e todos. Lamento cada minuto que desperdiço a aturar pessoas fúteis e insuportáveis, quando os podia estar a gastar com ele. 

Mas a vida é mesmo assim, cheia de momentos stressantes, de pessoas irritantes e de coisas fúteis…  mas tudo isto vale a pena ser vivido, para eu saber o quanto o NÓS é importante e faz todo o sentido.


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